quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Destino

Ela andava triste, desiludida e achando que nunca encontraria o amor de sua vida. Mas como o destino prega peças na vida da gente, aquele era o dia predestinado dela. Acordou cedo, pegou o ônibus e foi trabalhar. Tinha uma reunião às oito e meia e não podia chegar atrasada. No caminho aconteceu algo inusitado, pela janela do ônibus ao passar em frente ao ponto na Rua 25, eis que algo lhe chamou à atenção. Um rapaz com um chapéu tipo panamá lia um livro tão compenetrado, que parecia até estar devorando as páginas. Ele a fazia lembrar o personagem de um filme antigo. Ela como boa amante da literatura ficou a imaginar sobre o que se tratava o livro. A curiosidade, porém durou poucos segundos, logo o semáforo abriu e o ônibus seguiu viagem. Engraçado é que a imagem daquele rapaz não lhe saia da cabeça. Ao chegar no escritório foi andando pelo corredor e imaginando que se algum dia tornaria a vê-lo. Qual não foi a sua surpresa, quando ao chegar à sala de reunião se deparou com o rapaz. Ele era um dos convidados para a reunião. Ela cumprimentou a todos e quando chegou a vez do rapaz, olhando-o nos olhos ela disse: -Eu sou Mariana, muito prazer. -O prazer é meu, eu sou Luiz, o arquiteto responsável pela obra. Durante a reunião os olhares não paravam de se cruzar, às vezes o incômodo era tanto, que ela não sabia o que fazer, as mãos transpiravam, o coração batia acelerado, era uma sensação gostosa e ao mesmo tempo estranha. A copeira entrou na sala para servir o café, ele mais que depressa pegou um cartão escreveu algo e pediu que a moça o entregasse a Mariana, que estava sentada do outro lado da mesa. Ela ao receber o cartão ficou desconcertada, mas o colocou na bolsa e fingiu que nada havia acontecido. No final da reunião, quando todos já haviam saído da sala, ela tomou coragem e leu o cartão. Nele estava escrito: “Mariana, sou seu vizinho há três anos e desde que te vi pela primeira vez, me apaixonei. Sei que nunca nos encontramos e não tivemos a oportunidade de nos conhecermos, já tinha perdido a esperança de me aproximar de você. Hoje, nessa reunião, tomei coragem de declarar o que sinto, espero que compreenda e que me dê uma chance. Esperarei ansioso pelo seu telefonema. Com amor, Luiz”. Engraçado como a felicidade às vezes está tão próxima a nós e não a enxergamos. Pense nisso!

Amor Eterno

Já te conhecia mesmo antes de te ver
Sonhava com seu rosto, a cor dos seus olhos,
Da sua pele e o frescor de teus lábios.
Amava-te antes mesmo de sentir o seu braço no abraço
O aconchego do teu peito, o calor dos seus afagos
Como uma criança debruçada no colo da mãe.
Amo-te agora mais e melhor
Pois te conheço, já não és mais um estranho para mim
Perto de ti, sinto como se não existisse mais ninguém
Só eu e você...
Nesse universo de sentimentos e emoções
Amar-te-ei pra sempre
Sempre mais e melhor... meu amor.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A janela

Ele passava lá todos os dias, no mesmo horário. Ela, pela brecha da janela olhava aquele belo rapaz, vestido com uniforme, levando uma mochila nas costas. Sabia a hora certa, o coração avisava. Ficava batendo num ritmo acelerado, parecia que ia ter um ataque cardíaco. Um dia ela tomou coragem e abriu a janela. Ele passou, dessa vez acompanhado.

Eu

Sou assim..
Metade de mim, metade de você.
Sou o que quero e o que posso ser
Limite no nada
Extrema no tudo.

O tempo

Ah! Esse passa depressa
Sorrateiro como um cão correndo atrás do osso
Quem dera poder pará-lo
Fitá-lo nos olhos e adormecê-lo
Hipnotizá-lo.
Para virar as páginas com calma
E degustar um pouco mais da sua companhia.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Lembranças guardadas

A caixa aberta e vazia ainda exalava o cheiro
Do papel velho, amassado e já sem cor
Da letra borrada, como um carimbo já desgastado
Cartas, bilhetes, fotos, postais e até pétalas de rosas ressecadas pelo tempo
Jaziam dentro daquela tumba.
Mas as lembranças... Ah! Essas permaneciam ali
Intactas, impenetráveis
Adormecidas, anestesiadas, esquecidas
Hibernadas pelo esquecimento.
Esperando a hora de emergir
Das profundezas de uma caixa vazia
Que guardava apenas memórias
De anos, meses, semanas, dias, minutos e segundos
Que não retornariam mais.

Desgraça pouca é bobagem

Saiu de casa apressada, já estava atrasada para o trabalho e corria pela sala em direção à porta calçando o sapato. Ao fechar a porta de casa, reparou que tinha deixado a chave do lado de dentro, mas como estava atrasada deixou para resolver este problema mais tarde. Coitada! Ma sabia ela, que o dia estava apenas começando... Entrou na garagem, pegou o carro e saiu pelas ruas dirigindo como se fosse “tirar o pai da forca”, estava atrasada. Bastaram poucos quilômetros e o carro começou a enguiçar, dava uns trancos, mas de repente parou. Ela olhou para o medidor de combustível, e viu o que não queria enxergar, o combustível simplesmente tinha acabado. Procurando se controlar, permanecer calma e não sucumbir a um acesso de fúria, ela decidiu pegar o celular e ligar para o noivo. Sem sucesso! Nessas horas parece que ninguém está disponível e nada funciona. Como ele não atendia a ligação, ela decidiu parar o carro no acostamento e procurar ajuda no posto mais próximo. Talvez, com muita sorte haveria uma ali pertinho para comprar combustível. Só o que ela não imaginava, é que o posto mais próximo ficava a pelo menos três quilômetros de distância. Toda arrumada, com seu tailleur da PRADA, ela caminhou por alguns minutos recitando internamente um mantra, tentando se convencer que tudo daria certo e que conseguiria chegar a tempo na reunião de trabalho marcada para as 9 horas. Quando avistou o posto, depois de já ter caminhado por quase uma hora, suando em bicas e com os cabelos desarrumados, tentando esboçar um sorriso de contentamento e achando que seus problemas estavam solucionados. Eis que surge um buraco no caminho, a pobre que já estava pra lá de Marrakesh se estatelou no chão, ao tentar se levantar viu que o salto de seu sapato AREZZO estava quebrado. Era o fim, pensou ela. Levantou-se rápido, sacudiu a poeira de seu ‘conjuntinho’, arrancou os sapatos e os jogou longe. Depois saiu correndo em direção ao posto e chegando lá implorou ao frentista que lhe vende-se o mais rápido possível um galão de combustível. Agora, já com a gasolina em mãos, fez o caminho de volta, a distância já não parecia tão grande, porém, cansada e à beira de um ataque de nervos, só pensava em chegar logo ao automóvel. Resolvido o problema com o combustível, tentou seguir viagem, rezando para que nada mais catastrófico acontecesse. Depois de alguns minutos, conseguiu enfim, chegar ao destino. Ao entrar no prédio da empresa, olhou o relógio e percebeu que ainda lhe restava dez minutos, o suficiente para chegar até a sala de reunião. Tomou o elevador e tentando melhorar o visual, segurava em uma das mãos um espelho e na outra uma escova, na tentativa de ajeitar os cabelos e secar o suor que lhe escorria pelo rosto e pelas costas. Ao mesmo tempo, que ligava para a amiga da sala ao lado, pedindo um par de sapatos emprestado. Faltando dois andares para chegar ao escritório, já aliviada e mais tranquila, respirou fundo e pensou que tudo iria dar certo. Afinal, nada mais podia dar errado. Bastaram alguns segundos de paz e, de repente, as luzes se apagaram. Pronto! Ela pensou, vou ficar trancada nesse elevador, sozinha e sabe Deus quando sairei daqui. Era o fim! Estava presa num elevador, sem sapatos, descabelada e atrasada. Mas, para sua sorte, se assim se pode chamar, o elevador voltou a funcionar e ela conseguiu chegar ao seu destino, o escritório. Mas que depressa correu em direção a sala de reunião abriu a porta num rompante e para sua surpresa, a sala estava vazia, não tinha nenhum sinal que ali haveria uma reunião de trabalho. Ela atônita se dirigiu a amiga de sala e perguntou: Onde estão todas as pessoas que vão participar da reunião? A amiga respondeu: Mas que reunião? A que está marcada para amanhã, às 9 horas, para a apresentação do seu projeto aos clientes? Ela não acreditava no que estava ouvindo, as palavras da amiga chegavam aos seus ouvidos, como o som de um disco tocado em baixa rotação. Não, eu não posso acreditar, depois de tudo que passei hoje. Sem compreender ao certo o que tinha acontecido, resolveu voltar para casa. No meio do caminho a lembrança da porta trancada com as chaves pelo lado de dentro veio a sua mente. Ah! Isso agora era apenas um simples detalhe, afinal, desgraça pouca é bobagem.

*Esta história foi baseada em um e-mail que recebi de Evelin Agria...lembra? AREZZO.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cry

Chorar, até que é bom às vezes.
Lágrimas lavam a alma
Implodem as pedras incrustadas no coração
Dilaceram as mágoas
Ceifam a tristeza
Curam a dor de amor.

Ojos cerrados

Não vejo mais cores
Não vejo mais luz
Não vejo mais nada
Não vejo o que não quero ver
Fechei meus olhos para o mundo.

Vestes

Trajes, armaduras e fantasias
Vestimos e despimos todos os dias
Desnudamos a alma e o corpo
Na incessante busca por respostas
Tentando desvendar a natureza humana.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Despertar

Era apenas uma criança, como tantas outras. Gostava de brincar com os amigos, de pique-esconde, bicicleta, futebol e queimada. Sempre acordava cedo, mal sentava-se à mesa para o café e já saia correndo em direção a rua para encontrar os coleguinhas.
Brincavam a tarde toda e no final do dia, já exauridos de um dia de estripolias, voltavam para suas casas.
Vida de criança! sem preocupações e responsabilidades. Ainda mais porque estavam de férias e só pensavam em curtir e se divertir. Certa manhã, o ritual para um deles parecia ser o mesmo: acordou, tomou café e saiu. Contudo, ao chegar na rua onde brincava com os amigos percebeu que o local estava diferente, mudado. Os paralelepípedos agora davam lugar a um asfalto novo e recém colocado, os postes eram diferentes e as luzes pareciam maiores, o bar da esquina onde costuma comprar doces, agora, se transformara em uma lan house.
Era estranho para ele olhar o lugar onde passou boa parte de sua infância e não reconhecê-lo mais. Com tristeza e sem compreender bem o que havia acontecido, voltou para casa e perguntou a mãe o que tinha acontecido. Por que as coisas tinham mudado. A mãe, sem saber ao certo, qual seria a reação dele, o abraçou com ternura, sentou ao seu lado no sofá e num tom acolhedor explicou:
- Meu filho, há muito tempo atrás você sofreu um acidente e ficou em coma por muito anos. Os seus amigos de infância, cresceram e agora são adultos, cada um tomou um rumo na vida. Atônito e sem conseguir assimilar direito todas as palavras da mãe. Ele entrou no quarto, sentou-se por alguns minutos e depois de refeito da notícia, tomou coragem de se olhar no espelho. A imagem daquele homem já adulto, o fez por alguns instantes relembrar o passado, das brincadeiras e dos amigos de infância. Nesse momento ele se deu conta, que não poderia desperdiçar nem um segundo da nova chance que lhe fora dada. Chegara a hora de viver!

Ei! você

Ei! você. É, você mesmo, tá fazendo o que aqui? Ah! já sei. Tá lendo essas mal traçadas linhas. Que bom, espero que volte sempre.

Voz

Grito...
Porque não posso mudar o que está errado,
Grito por me sentir impotente diante de tantas barbáries,
Grito de indignação pelos desmandos dos opressores,
Grito por não conseguir me calar em frente a tantas tragédias,
Grito querendo que minha voz ecoe além das paredes e muros,
Grito alto mesmo sabendo que o som é abafado pelas injustiças,
O meu grito é interno, de revolta, de indignação e de medo.
Medo de que está situação perdure.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Manhã

Acordo às vezes com aquela sensação de que falta algo,
cor, textura, luz, sei lá...
aí, abro a janela,
pego a máquina fotográfica
e depois de alguns clicks
a sensação desaparece.
Na tela da máquina registrada
a imagem de um dia que apenas está começando.