quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Vestido vermelho

Ah! Como adorava o vestido vermelho. Com suas flores brancas e gola engomada. Quando o vestia se sentia uma princesa. Mamãe dizia que era para usar em ocasiões especiais. Mas se fosse por ela, viveria vestida com ele. Contava os dias para usá-lo e mostrá-lo a todo mundo. Afinal, queria mesmo é exibi-lo, desfilar nas ruas do bairro e escutar os elogios.

Sabia que ia passar calor, afinal, o verão estava a todo vapor. Mas isso não a preocupava, afinal de contas, era para fazer inveja as meninas do bairro. Chegou o grande dia, era domingo, dia de missa. A ansiedade estava à flor da pele. Colocou o vestido, sua mãe fez as tranças em seu cabelo longo e volumoso e mais do que depressa, a menina correu para se olhar no espelho. Por alguns segundos ficou parada, estática, não acreditava no que estava vendo. Como era lindo, como estava linda dentro dele.

Foram caminhando até a igreja, seu pai ia à frente. Ela, sua mãe e suas irmãs logo atrás. A igreja ficava apenas duas quadras de sua casa. No trajeto, podiam-se ouvir os elogios das pessoas que a encontravam pelo caminho. Uns diziam: Mas que vestido mais bonito! Essa menina parece uma princesa! E era bem assim... quem o via, não deixava de elogiá-lo.

Na igreja fez questão de sentar-se na primeira fileira, queria que todos a vissem com o belo traje. Lá estava ela, sendo o centro das atenções, toda orgulhosa e faceira. Ao término da missa, foi correndo para a sacristia pedir a benção ao padre e esperar por um elogio do sacerdote. Saiu de lá toda satisfeita com os elogios que recebeu.

Chegando em casa, tirou o vestido e deixou-o em cima da cama. Colocou uma roupa para brincar e antes de sair do quarto, deu mais uma olhadinha nele, correu para o quintal e foi se divertir com os primos. Era domingo, a família tinha o hábito de se reunir para o almoço depois da missa. As crianças ficaram brincando no quintal a manhã toda. A essa altura, o vestido vermelho já não era mais novidade, tornou-se apenas, mais uma peça em seu guarda-roupa.

Felicidade

É acordar todos os dias e ser presenteada com um sorriso

É saber que está rodeada de pessoas que ama

É correr na esteira imaginando estar em outro lugar

É tomar água de coco num dia quente de verão

É comer brigadeiro de panela

É comemorar o sucesso dos filhos

É ter os pais sempre por perto

É sentir-se indestrutível frente aos obstáculos

É olhar pela janela e contemplar a lua

É correr descalço pela areia da praia

É estar junto de quem se ama

É trabalhar o dia inteiro, chegar em casa e cair no sofá

É sentir-se plena fazendo o que mais gosta

É ver televisão comendo pipoca

É dormir aconchegada ao amado em uma noite fria

É soltar uma gargalhada até chorar

É dançar até fazer bolhas nos pés

É cantar uma música em alta voz

É saber que amanhã será melhor que hoje...sempre.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Embriaguez

Amortecida e com uma leve tontura. Eis que surge em minha frente fagulhas, em minha mente pensamentos desconcertados. Uma leve embriaguez me consome a alma. Vejo resquícios pelo chão de uma euforia inquietante. O gosto na boca de vinho barato, me causa naúseas. Procuro um lugar seguro para me encostar. O mundo parece rodopiar como um furacão. Ouço vozes e diálogos frenéticos. Tento decifrar as palavras. A música sopra em meus ouvidos. As luzes me tiram a visão. Pessoas saem de todos os lugares, balançam como se estivessem possuídas. Luzes de várias cores acendem e apagam, num intenso movimento. Sinto cheiro de almiscar, depois uma fragrância de flores invade minhas narinas. Percebo que os sapatos foram arrancados dos meus pés. O chão está frio. O corpo ferve como água em ebulição.  Estou sentada, parada, dentro desse cubículo. Uma brisa fresca  balança meus cabelos.  Sinto um toque suave em minhas mãos, perco os sentidos. Desmaiei.

Vulcão

Arranca esse sentimento do meu coração
Me tira desse fosso
Joga o balde para que eu possa subir
Quero respirar, ver a luz
Sair dessa escuridão.

Não posso mais viver assim
Sem sonho, sem esperança
Presa e acorrentada nesta cela
Abre por favor, a porta
Deixe-me sair.

Só vejo a noite
Ela é meu pesadelo constante
Clareia vai, abre a janela
Quero contemplar a luz, amanhecer
O vulcão precisa entrar em erupção.

Não seja egoísta
Preciso abrir o meu coração
Experimentar a liberdade
Sair desse redemoinho
Abrir as minhas asas e voar.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Descobrindo-me

Perdoa-me se pareço infantil
É que às vezes, sinto-me como se ainda tivesse cinco anos de idade
Talvez seja porque estou cansada de brincar de gente grande
Ou simplesmente a utilize como uma armadura para me afastar das preocupações e responsabilidades
Sabe como é...as crianças não se preocupam com o dia de amanhã
Elas apenas vivem o presente, um dia de cada vez
E se revelam puras, dóceis e bem humoradas
Talvez seja isso que quero resgastar
Assim o dia a dia seja mais fácil e menos complicado
Não que eu queira viver a margem da realidade
Mas esses momentos me apaziguam a alma e o coração
Se estou certa ou errada...ainda estou descobrindo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Apenas um dia de cada vez

Tenho só um dia para contar o que sinto
E fazer dessas 24 horas o meu diário
Contar o que vivi, pessoas que conheci
Sonhos que realizei, desventuras que passei.
Pode parecer pouco,
Mas essas horas me bastam
para contar que amei, sofri, chorei, cantei,
Sorri, venci, perdi, cai e levantei.
Sonhos...tive muitos
Alguns realizei, outros, simplesmente esqueci
Mas os amigos que fiz...esses, eu guardo com carinho.
Às vezes tenho a impressão que não vivi e não consegui realizar
A metade daquilo que gostaria
Mas essa é outra conversa.
O que importa mesmo é que as
agruras da vida não me derrubaram
Ao contrário, foram elas que me deram forças para prosseguir
Afinal, nem tudo na vida são flores, os espinhos fazem parte da caminhada, não é mesmo?
Sei que às vezes não sou muito compreensível, afinal, qual mulher o é?
Somos um ser enigmático, que reúne várias personalidades
Complicadas e perfeitinhas
Mulher de fazes
Amélia
Gabriela
Maria
Porcina
Ana
Tieta
Clarice
E tantas outras.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Colcha de Retalhos



Pedaço por pedaço
Assim ela tentava unir os retalhos de tecidos cortados milimetricamente
Estampas florais, xadrezes e poás de diversas tonalidades
Iam se juntando num balé estonteante
Era como uma operação cirúrgica
Ela ficava horas costurando com apreço
Ia dormir pensando nos quadrados e desenhos formados por eles...era perfeccionista
A colcha, que por semanas tecia, como uma aranha que molda sua teia, enfim ficou pronta
O coração despedaço, esse, não deu para costurar.

Segredo

Queria saber quem era você
Por detrás dessa máscara
Sem esses rígidos disfarces
Com o rosto transparente.

Queria saber o que pensa
Despido dos preconceitos
Liberto dos pensamentos
Neste deserto barulhento.



Queria saber o motivo
Desse rebuscado tormento
Que envolve o sentimento
E oculta o sofrimento.

Queria saber o que muda
Nesse triste testamento
Que gerou descontentamento
Da existência inebriada.

Queria saber se há cura
Para esse medo dilacerante
Que fere a alma cortante
Nesse segredo inconfessável.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ser Humano

Era uma pessoa especial
Um homem no corpo de menino
Exalava bondade
Era gentil com todos que o conheciam
Um ser humano daqueles que não se acha em qualquer lugar
Gostava de ajudar o próximo
Fazia de coração, sem esperar nada em troca
Sentia-se feliz em ver as pessoas felizes
Para ser útil ele dizia: "É apenas uma questão de escolha, nada mais".

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sonho de VITÓRIA


Dificuldades era palavra conhecida de Vitória. Moça simples da roça, que de dia lidava com a colheita no milharal e à noite ajudava mainha nos afazeres domésticos. Era jovem, mais aparentava mais idade devido a vida de sacrifícios e trabalho quase escravo. Reclamar? Não reclamava não. Sabia que o futuro da família dependia de certa maneira do seu trabalho na lavoura. Já tinha passado por maus bocados na vida. Primeiro, antes de completar um ano de vida quase morreu por falta de leite e de uma anemia que lhe tirou as forças. Depois, aos 7 anos de idade foi a distância da escola que lhe fez desistir de estudar. E agora, já na adolescência a labuta do dia a dia afastava a esperança de ser alguém na vida.

Desde cedo precisou escolher entre aprender ler e escrever ou ajudar no sustento da família. Quando adolescente sua rotina tornou-se ainda mais desgastante. Acordava bem cedinho, antes do galo cantar. Fazia o café, arrumava a trouxa de roupas sujas, que depois da lida na roça, já no final do dia, teria que lavar no rio. Pegava a marmita, colocava a rodia na cabeça, pegava o balde e partia para o trabalho. Não ia sozinha não, seus três irmãos mais velhos a acompanhavam. Eles também passavam o dia na plantação e colheita do milho. Vitória tinha uma outra missão no final do dia. Passar na fazenda vizinha para tirar água do poço para preparar o jantar da família.

Mas, apesar da vida sofrida, ela acalentava o sonho de ir embora do sertão tentar a vida na cidade, queria ser professora. Não queria casar e morar na roça como sua mãe. Sabia bem o destino que lhe daria essa vida, a pobreza. Alegria…teve algumas na vida. A festa de São João na fazenda, para ela era como se fosse um baile. Colocava seu melhor vestido, que mainha fez com tecido bom, que ganhou da mulher de seu Agenor, o administrador da fazenda. Era ciumenta, não deixava ninguém lavar o vestido, fazia questão de tratá-lo com muito cuidado, como uma louça de porcelana.

Outro momento que fazia Vitória sorrir, era quando as comemorações da Festa de Reis chegavam. Somente nesse dia, o pai, seu Joaquim, deixava a moça participar da dança. Falava que moça direita não podia se dar ao desfrute, ficava falada e não arrumava casamento bom. Teve um dia que Vitória conheceu um rapaz, filho de um lavrador da cidade vizinha, moço bonito e trabalhor. Ela até se encantou por ele, mas descobriu que era tão pobre, tão pobre, que dormia de favor na cocheira da fazenda onde trabalhava e acabou desistindo.

Faltando pouco meses para Vitória completar 18 anos, falou com seus pais que pretendia ir para a cidade em busca de uma vida melhor. Contrariados, seu Joaquim e dona Ana não gostaram da novidade. Mas acabaram se convencendo, que alí a menina não teria futuro. Chegou o grande dia, Vitória arrumou a trouxa e depois de três dias de viagem, ela e seu irmão Cícero chegaram a Pernambuco. Desembarcaram na rodoviária, perdidos, sem ter para onde ir, e com pouco dinheiro.

Na cidade grande a vida foi difícil, passaram por diversos perrengues, fome, frio, falta de emprego. Vitória não desistiu, voltou a estudar, completou o ensino fundamental e depois fez o ensino médio. Seu irmão foi trabalhar como ajudante de pedreiro e logo tornou-se mestre-de-obras. A vida começou a melhorar. Eles não se esqueceram do sacrifício da família, todo mês mandavam dinheiro aos pais e aos irmãos que ficaram na roça, cuidando do pedacinho de chão da família.

Vitória trabalhava como garçonete em um bar. Certo dia resolveu prestar o vestibular para pedagogia em uma faculdade pública e passou. Depois de quatro anos estudando e trabalhando, enfim se formou. Fez questão de voltar para a roça para visitar seus pais e mostrar que o sacrifício deles não foi em vão. Ela agora era professora formada e devia a realização do seu sonho aos seus pais. Essa é a história de Vitória, que se confunde com a de muitos brasileiros e brasileiras que deixam o campo para tentar a vida na cidade grande. Muitos encontram a vitória, outros, acabam voltando à terra natal. O importante é não desistir do sonho nunca. Vitória sabe bem disso!

Sem gravidade

Ando com a cabeça na lua
Desguarnecida de oxigênio
Plainando feito pluma ao vento
Que não consegue tocar o chão.

Pareço até que não sou desse planeta
Que vivo em Marte
Com o corpo gravitando
No alto e baixo das crateras do meu pensamento.

Me falta oxigênio
Para retornar da órbita
E fincar os pés na terra
Feito árvore que aconchega suas raízes
No solo adubado e fértil.

Tenho a sensação que não saio do lugar
Se tento correr, os passos ficam lentos
Se tento andar, fico parada, estática
Se fico parada, desatino a subir
Será que o mundo parou e eu não percebi?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Regresso

Ouça...eu não penso em desilusão
Só não quero encontrar a porta fechada
Os sentimentos destruídos
O coração trancado.

Ouça...eu pedi para você não me esquecer
Não apagar as lembranças
Não extinguir os sentimentos
Não fechar os olhos completamente.

Ouça... eu falei que voltava
Para inebriar-te com meus desejos
Ocultar as horas e minutos roubados pelo tempo
Curar as cicatrizes
Dissipar a saudade que roia por dentro.

Ouça...agora vou ficar
Repor o tempo perdido
Desarrumar os teus sentidos
Libertá-lo da solidão.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Amigo Carlos

Falar o que se pensa  é coisa fácil
Se escolhe as palavras
O tom da voz
O melhor momento
A pessoa a ouvir
Se fala e pronto.
Pode magoar, alegrar, assustar, agredir... enfim
Mas um amigo me disse uma vez
“Difícil é expressar por gestos e
atitudes  o que realmente queremos dizer”.
Cheguei à conclusão que ele tem razão
Obrigada, amigo Carlos Drummond de Andrade.

Pessimismo


Pessimismo é assim

Igual a perfume barato

Que perde a fragrância rapidamente

Igual a carro velho

Que para em cada esquina

Igual a café amargo

Que ao primeiro gole amarga como fel

Igual a chinelo gasto

Que a cada passo deixa seu rastro

Igual a coração partido

Que lança a alma ao fundo do poço

Igual a vinho barato

Que embriaga o corpo, cabeça e coração

Igual a desesperança

Que  apaga o brilho daqueles que não ousam recomeçar.

 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Aninha


Quando nasci minha mae disse ao meu pai

Vou colocar o nome dela de Ana Lúcia,

por causa da personagem da novela,

atriz protagonista, moça bonita e recatada.

Ainda na infância, me tornei apenas Aninha,

A menina levada da breca, parecida com um moleque

Subia em árvores, empinava pipa, jogava futebol

Era um tal de Aninhaaaaaaaaa, Aninhaaaaaaaaa

Desce daí menina!

A vizinha que o diga.

Dizia para a mamãe, essa menina não pára um segundo.

Com o tempo a peraltice deu lugar a sobriedade

Aninha ficou menina comportada e estudiosa

Quase um anjinho…risos.

Mas de vez em quando, ela dá as caras

Faz peraltices, bagunça o coreto e depois

Sai de mansinho como se nada tivesse acontecido

Coisas de criança, coisas de muleca…coisas de Aninha.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fôlego

De repente os poros se dilataram
Era o perfume dele entrando em minhas narinas
Um soluço intrépido invadiu a minha alma
Não queria acreditar
Simplesmente o tempo não passara
Senti que me faltava o ar
As pernas bambearam
A respiração ficou ofegante
Uma correnteza  forte me sucumbia
Uma gota de suor escorreu pela face
As mãos estremecidas dificultavam o disfarce
Ouvi o ranger da porta
O coração acelerou
Ele entrou...me olhou e sorriu.

Quisera...

Quisera eu ter o dom de escrever e encontrar palavras simples, que descrevessem as mais belas e raras emoções.
Quisera eu ter o dom de profetizar, curar e apaziguar as desesperanças da vida, como um mágico que tira da cartola o remédio para todos os males.
Quisera eu ter o dom, ou melhor, o poder de transformar a saudade em realidade. Transpor obstáculos e vencer o medo, acalmar as tempestades e minimizar as adversidades.
Quisera eu ser poeta, ser imortal e eternizar a palavra. As que escrevi, as que não escrevi e aquelas que ainda hei de escrever.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

É

É tanto trabalho
É tanta aflição
É tanto sofrimento
Nesse mundo cão.

É tanta opressão
É tanta solidão
É tanta ralação
Nesse mundo cão.

É tanta alegria
É tanta satisfação
É tanta esperança
Nesse mundo cão.

É tanta coragem
É tanta batalha
É tanta vitória
Nesse mundo cão.

Gente

Tem gente que nasce para sorrir
Tem gente que nasce para chorar
Tem gente que nasce para sofrer
Tem gente que nasce para plantar
Tem gente que nasce para colher.

Tem gente que nasce para amar
Tem gente que nasce para odiar
Tem gente que nasce para calar
Tem gente que nasce para cantar.

Tem gente que nasce para ler
Tem gente que nasce para escrever
Tem gente que nasce para pintar
Tem gente que nasce para apagar.

Tem gente que nasce para lembrar
Tem gente que nasce para esquecer.

Pertencimento

Quero pertencer a um lugar
Quero pertencer a alguém
Quero pertencer a uma história
Quero pertencer.

Sonhar

Tenho um sonho...dançar
Como bailarina em dia de estreia
Aguardando atenção e aplausos da plateia.

Tenho um sonho...voar
Feito filhote de passarinho ao alçar o primeiro voo
Que desconcertado é ajudado pela mãe.

Tenho um sonho... cavalgar
Montada num cavalo alazão
Num campo verdejante, com o vento batendo no meu rosto.

Tenho um sonho...escalar uma montanha
Alcançar o topo e gritar... consegui!
Para que os quatro cantos do mundo, ouçam.

Tenho um sonho... não acordar desse sonho.

Vertigem

Tentava sempre voltar ao prumo
Rodava...rodava
feito ciclone que passa e suga tudo a sua volta
Era só debruçar a cabeça no travesseiro
E os pensamentos teimavam em não descansar
Como se estivesse em uma roda gigante
Dava até tontura
Uma, depois, outra e outra...
Não conseguia controlar
Se acostumou a viver assim
com medo de relaxar
Um dia após o outro
Numa vertigem constante.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Encenando

Hoje eu tive um sonho
Sonhei que estava num espetáculo
Contracenava com a razão
Mas era vencida pela emoção

Nessa peça não havia atores
Era feita de sentimentos
A alegria fazia rir a tristeza
A tristeza dava lugar a esperança
A esperança era par romântico do amor
O amor consolava a saudade
E ao final, a saudade entrava em cena
Recebia os aplausos e não deixava ninguém ir embora.

Vai entender...

O ser humano é engraçado
Gosta de receber elogios
Mas, quando alguém lhe critica
Seu ego fica vazio.

Muitas vezes se comporta
como estivesse acima de tudo
Mas, quando é contrariado
Fica assustado, a mercê do perigo.

Quando é inseguro
Não há nada que se fale para  autoestima alavancar
Sente medo de tudo e nada sabe opinar
Fica fechado na concha
Esperando o tempo melhorar.

O ser humano é imprevisível
Ri da desgraça alheia
Chora quando deve rir
Ri quando deve chorar
Vai entender...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Lá no Fundo

Um dia resolvi olhar pra dentro de mim
Procurando sei lá o que…
Primeiro fui remexendo as tristezas
Encontrei dores, lágrimas, edesilusões
Cansada resolvi dar uma olhada nas alegrias
Encontrei gargalhadas, milhares de abraços e beijos e

palavras de amor
Aquelas coisas que reconfortam a alma e o coração.
Mas uma gavetinha escondida lá no fundo me chamou a atenção
Fui ver o que tinha alí
Saudade…é isso mesmo
Lá bem no fundo, quase imperceptível, lembranças e recordações
Se amontoavam
Só que nessa eu não quis mexer, achei melhor deixá-la  lá…quietinha
Feito saudade de algo ou alguém que não se quer esquecer.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Poeta

Alegria, inquietação, medo, amor, solidão, paz, esses e tantos outros sentimentos são desvendados por eles, os poetas.
Desbravadores da alma humana. Artistas da emoção e protagonistas das venturas e desventuras da vida.
Versando, proseando, rimando as agruras e temperanças do mundo.
Poetas são assim, percebem o mundo e nem sempre são percebidos por ele.
Conhecidos ou anônimos, todos fazem da palavra a sua arma e a sua voz.
Nas páginas de jornais, revistas, livros, ou até mesmo, nos muros e pedaços de papeis jogados ao chão.
Escrevem sobre tudo, verdades, mentiras, lampejos de memórias. Soltos no tempo ou encrustados no coração.
Poetas são assim sobreviventes em meio à multidão.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Despertar de um sonho

Era uma tarde linda de verão. Olhava pela janela do 14º andar do edifício onde trabalhava por mais de 25 anos. Parei um instante para refletir como consegui chegar até ali. Dificuldades, obstáculos enfrentei pelo caminho, mas não desisti.
Diante daquela janela, parecia que um filme passava diante de meus olhos.
Lembrei da minha infância sofrida e das privações, que não foram poucas. Mas, apesar de tudo, também teve muito amor e esperança.
Ainda menino me lembro de correr descalço pelas ruas esburacadas e barrentas, com uma pipa colorida na mão, que acabara de fazer escondido de minha mãe. Ela não gostava de me ver brincando na rua.
Na adolescência, com a rebeldia inerente à idade, saia de casa para passear sem ter hora para voltar. Isso, deixava meus pais preocupados, velando pelo meu retorno com segurança. Pedindo à Deus que nada de mau me acontecesse.
Adulto, já formado e trabalhando no escritório, passava os dias trancado numa sala em meio a telefonemas e e-mails. Não reparei como o tempo passou tão rápido, só me dei conta quanto um certo dia me olhei no espelho e percebi que meus cabelos já estavam praticamente brancos.
Durante todo esse tempo vivi sem ter medo de me arrepender, só queria crescer profissionalmente, ter um bom emprego, uma boa casa, um bom carro.
Agora, olhando para o horizonte, em pé em frente essa janela, me dei conta que despertei de um sonho e fechei a caixa das lembranças e saudades.
A realidade era que já tinha mais de 80 anos e a janela pela qual olhava o mundo, era do hospital em que passei os últimos meses de minha vida.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sempre em frente

Vai...
Liberta-se do eu que te aprisiona
Joga fora as vestes que te cobrem
Remove a tatuagem da prisão que te envolve
Olha para frente
Esquece o tempo passado
Ruma em direção ao futuro
Não queiras viver de memórias e ilusões
A vida é um trem sempre em movimento
Às vezes ele pára em algumas estações
Mas sempre continua a viagem